A Leucemia Viral Felina

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A infecção pelo Vírus da Leucemia Felina (FeLV) é uma das mais importantes doenças virais da medicina felina. O vírus da FeLV é um retrovírus que pode induzir uma série de afecções, causando sinais clínicos muitas vezes inespecíficos. Frequentemente, os proprietários expõem seus animais ao risco de pegar a doença por desinformação.

Nos Estados Unidos, a prevalência da FeLV vem diminuindo nos últimos 20 anos, e isso se deve ao aperfeiçoamento e melhor acurácia dos testes diagnósticos, à disponibilidade das vacinas, e principalmente à política de teste/segregação de gatos positivos.

A transmissão do vírus ocorre por contato direto entre felinos, através de qualquer líquido corporal, principalmente via saliva. Também ocorre a infecção por via transplacentária, ou seja, uma mãe infectada pode transmitir o vírus para os filhotes ainda no útero. São considerados animais do grupo de risco gatos que tem acesso à rua ou convivem com gatos positivos, e como qualquer doença viral, é muito observada em ambientes onde existam muitos animais aglomerados. É importante ressaltar que o vírus da FeLV é um vírus sensível ao ambiente, sendo inativado em poucos minutos fora do organismo. Além disso, por ser um vírus envelopado, desinfetantes comuns conseguem destruí-lo facilmente.

Os gatos jovens são mais susceptíveis à infecção, e as manifestações clínicas mais comumente observadas são a imunossupressão, anemia não-regenerativa, linfoma e leucemia (dois tipos de câncer). Infecções secundárias podem ocorrer, principalmente pelo microorganismo Mycoplasma spp, Este microorganismo parasita hemácias causando a destruição dessas células, o que agrava o quadro anêmico do animal. Outras desordens podem ocorrer devido à infecção pelo vírus da FeLV, dentre elas doenças gastrointestinais, alterações oculares, doenças de pele e desordens reprodutivas.

Os testes utilizados na rotina das clínicas veterinárias para detecção do vírus no sangue (os chamados “Snap Tests”) utilizam o método ELISA (Enzyme-Linked Immunosorbent Assay). Este é um teste considerado simples, sendo que o resultado sai em 10 minutos. O teste que a Mundo dos Gatos utiliza, é um teste importado da IDEXX Laboratories que tem cerca de 100% de acerto no resultado negativo, e 75% de acerto no resultado positivo (podendo gerar resultados falsos-positivos). Por isso, caso o seu animal apresente no Snap Test o resultado positivo para o vírus da FeLV, o ideal é que seja confirmado por outro teste laboratorial que utilize uma metodologia diferente, como o IFA (Indirect Fluorescent Antibody) ou o PCR ( Polymerase Chain Reaction).

Embora não exista tratamento efetivo contra o vírus, alguns estudos sugerem terapia com imunomoduladores e agentes antivirais. No entanto, isso quase nunca se aplica à prática nas clínicas veterinárias, primeiramente devido à dificuldade de adquirir tais medicamentos, especialmente os antivirais, e em seguida devido aos efeitos colaterais dos mesmos. Tratamento sintomático, check-ups periódicos, manejo e suporte adequado são fundamentais para aumentar a expectativa de vida e melhorar a qualidade de vida dos felinos FeLV-positivos. É importate enfatizar que animais FeLV-positivos devem ser mantidos separados dos FeLV-negativos, ao menos que os animais negativos sejam devidamente vacinados com a vacina que protege contra o Vírus da Leucemia Felina. Essa vacina, chamada Quíntupla Felina, está disponível no Brasil, e deve ser utilizada em gatos que pertençam ao grupo de risco e que tenham um resultado negativo no teste para FeLV. O protocolo vacinal da Quíntupla Felina recomendado pela European Advisory Board on Cat Diseases e pela American Association of Feline Practitioners, é que seja dada a primeira dose, seguida por um reforço no período de 21 a 30 dias após essa primeira dose. Depois desse esquema inicial, o reforço deve ser anual.

Pela importância da FeLV na rotina veterinária é papel do Médico Veterinário durante a consulta clínica fornecer esclarecimentos acerca da doença, caso o gato seja suspeito de estar doente ou pertencer ao grupo de risco. Os donos de gatos devem ser informados sobre a sua existência e prevenção, para que possamos juntos, diminuir a prevalência da doença, através da prática de testar os animais e, caso seja necessário, vaciná-los com a vacina específica.

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