A gravidez, o gato e a toxoplasmose

toxoplasmose

Apesar da informação ser muito acessível nesses tempos de internet, ainda nos deparamos com pessoas nos perguntando sobre a questão acima. Muitas vezes amigos, parentes e até médicos indicam para a mulher grávida a doação do gato a fim de ter uma gestação tranquila. Nós sabemos que a solução não é essa. Ultimamente, vem aumentado o número de proprietários que buscam informações com seu veterinário, já que a solução proposta pelos médicos é inviável para quem ama seu pet.

 

É importante informar as pessoas sobre o ciclo do parasita, a forma de contaminação do gato e os verdadeiros riscos de se ter um gato e estar grávida. Muito sensacionalismo rodeia essa questão, e a única verdade nessa história toda é que a toxoplasmose precisa do gato para completar seu ciclo. A infecção humana diretamente pelo gato é incomum; normalmente a contaminação ocorre pela ingestão de carne mal cozida, pois o oocisto do parasita pode estar presente na musculatura dos animais de abate (e estes sim adquiriram a infecção diretamente das fezes dos gatos).

 

A mulher só corre o risco de ter complicações na gravidez se contrair toxoplasmose pela primeira vez na vida durante a gestação – principalmente no primeiro trimestre. Se isso acontecer, o parasita pode atravessar a placenta e infectar o feto, gerando aborto, parto prematuro ou sequelas neurológicas. Normalmente o exame de toxoplasmose faz parte da rotina do pré natal. O resultado positivo indica que a mulher já teve a infecção e já está imunocompetente e não corre mais risco. Já as futuras mamães que são negativas para a toxoplasmose, devem ter maior cuidado e vigilância durante a gravidez, pois nunca tiveram a infecção e correm risco de contrair a doença pela primeira vez durante o período gestacional.

 

Para entender a toxoplasmose, precisamos conhecer o ciclo da doença e seu agente causador, o protozoárioToxoplasma gondii. O gato se infecta com o protozoário principalmente através da caça de pequenos roedores. No gato, a infecção normalmente não é percebida pelo proprietário e às vezes o animal apresenta uma diarreia autolimitante (que melhora em poucos dias). Uma vez no gato infectado, o parasita completa seu ciclo, e produz oocistos que serão eliminados no ambiente através das fezes. No ambiente, este oocisto ainda não é considerado infectante e, para ele se tornar de fato perigoso, precisa permanecer cerca de 1 a 5 dias exposto ao oxigênio do ar. O pulo do gato nessa história toda é que o gato só elimina os oocistos nas fezes durante cerca de 3 semanas pós infecção primária, depois se torna imunocompetente para o resto da vida e não elimina mais.

 

Entendido tudo isso, compilamos todos fatos que tem que acontecer para uma grávida contraia toxoplasmose do seu gato. Primeiramente, o gato tem que ter acesso à caça ou carne crua e tem que ser infectado pela primeira vez -nas próximas 3 semanas o animal eliminará o oocisto nas fezes; além disso, as fezes do animal precisam ficar mais de um dia expostas ao ambiente para que o oocisto se torne capaz de infectar as pessoas. O próximo passo é a mulher grávida ingerir os oocistos presentes nas fezes dos gatos. Perceberam que é uma sucessão de fatores muito difícil de acontecer? Todo esse problema é eliminado com uma simples solução: limpar as caixinhas de areia todos os dias e, após a manipulação, lavar as mãos com água e sabão.

 

Muitos ainda justificam a possibilidade da infecção durante a manipulação do animal, pela presença de fezes no pelo. Quem tem gato sabe da sua exigência no quesito higiene, então dificilmente um animal ficará um dia com fezes presas no pelo sem se importar (normalmente o gato se limpa avidamente após o uso da caixinha de areia).

 

Entendido tudo isso, conseguimos perceber que é perfeitamente saudável engravidar e manter seu gato com você, para te encher de carinho e companhia nessa fase tão especial. Na dúvida, sempre procure informações de pessoas da área, como seu obstetra e veterinário de confiança.

 

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